Iniciamos na quarta feira de Cinzas (05/03) um período muito intenso em nossa Igreja, o tempo Quaresmal. Na Quarta-Feira de Cinzas fomos interpelados pelo Profeta Joel: “Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo” (Jl 2,12-18). O convite do Profeta é também o convite da Igreja, três pontos são importantes para a reflexão: Oração Jejum, Caridade.


A Oração é uma referência para termos cuidado com nossa relação com Deus, e a refletirmos sobre quanto tempo e qual a “qualidade” de nossas Oração. Quando temos um bom relacionamento com Deus, temos uma certeza a mais em nossa vida: Não estamos sozinhos em nossa caminhada. As coisas passam a ser vistas com uma nova ótica, sentimos o cuidado de Deus para conosco quando temos intimidade com Ele. Se pedirmos o que o profeta Joel pede, ou seja, para que o Senhor volte seu olhar sobre nós ele mesmo garante, não seremos abandonados. Deus quer caminhar ao nosso lado, basta dar o primeiro passo e procurar encontrá-Lo e o convidar para ficar mais perto de nós.

O Jejum não é simplesmente deixar de comer algo, nos tempos atuais, com tantas ondas de dietas que vemos para todo lado, deixar de comer não é mais um propósito pessoal, mas sim uma necessidade de alguns. Por isso jejuar não é deixar de comer, mas o esforço do deixar de comer algo é o importante, deixar de lado aquilo que temos em abundância e excesso, porque não fazer u jejum de celular, de fofocas, daquilo que afasta o outro de mim. Saber seus limites, conhecer seu corpo sua estrutura pessoal, entender a si mesmo ajuda a entender o outro como um igual a mim. Quanto mais eu vejo o outro em mim o jejum é efetivo. O deixar de ter algo que me envaidece me engrandece aos olhos de Deus, quanto mais vazio de mim, mais abertura há para o próximo.

A Caridade é a consequência da Oração e do Jejum, como dito acima o voltar a si mesmo e a mortificação pessoal nos lava de encontro direto ao meu irmão, afinal de que adiantaria essa disciplina se ela não me leva a uma mudança de atitude, não adianta querer fazer uma Quaresma bem feita se no Domingo de Páscoa volto a ser a mesma pessoa de sempre. De que adiantou tanta disciplina se ela evaporar logo quando ela é efetivada no cotidiano. O cuidado com aquele que precisa é de fato o gesto concreto de todos que querem fazer uma boa Quaresma. Não é o fato de dar um dinheiro simplesmente a um pedinte (o que nem sempre é recomendado, dado que pode ser até um alimento de um vício, por exemplo) mas conversar com este irmão ver quais são suas necessidades e tentar ajudar. Tudo isso fecunda nossa Oração e Jejum penitencial. Para um auxílio a esta temática temos a Campanha da Fraternidade que sempre delimita temáticas para um melhor compromisso social na Quaresma.

Neste tempo devemos abrir nosso coração de fato, deixar de ser o que éramos antes para sermos um novo homem a partir da Páscoa do Senhor, mistério central de nossa vida Cristã. Outra questão muito pertinente neste tempo é o Sacramento da Confissão, uma boa confissão ajuda a viver os três pontos citados já que uma revisão pessoal e uma aproximação com Deus como dito nos ajuda a crescer em totalidade como pessoa.

Caros irmãos, vivamos intensamente o Período Quaresmal para que ao chegarmos no Domingo de Páscoa, possamos dizer: “Obrigado Senhor, sou uma pessoa nova, uma pessoa que evoluiu no conhecimento e vivência pessoal e cristã”. Que possamos de fato dizer que fizemos a melhor Quaresma de nossas vidas e que somos de fato pessoas novas, comprometidas com o projeto de vida e salvação dado por Jesus Cristo Nosso Senhor.

Matheus Eloy Trivelim Ramos – Seminarista do 3º Ano de Filosofia

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