Tendo vivenciado o Tempo da Quaresma, motivados pela palavra e pela Eucaristia, “abrimos o coração” à conversão, fomos preparados para as grandes celebrações da Semana Santa, coração e centro de todo o Ano Litúrgico, com sua culminância no Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor. Como povo peregrino nesta terra, corremos ao encontro do Cristo que está no meio de nós Vivo e Ressuscitado, conforme afirmamos em cada celebração, ao dizer “Ele está no meio de nós!”
A cada ano, a Igreja como Mãe, nos convida a celebrar de forma intensa e com profunda espiritualidade, das celebrações da Semana Santa, momento central de nossa liturgia, e semana de maior importância para nós cristãos, quando se celebram os mistérios de nossa salvação. O Cristo, “Carregou nossos pecados em seu próprio corpo, sobre a cruz, a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Por suas chagas fomos curados”. (1 Pd 2,24)
Nesta semana está o centro do Ano Litúrgico, o Mistério Pascal – Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aqui, somos todos convidados a nos encontrar com o Cristo – Morto e Ressuscitado – a partir das celebrações litúrgicas da Palavra e da Eucaristia e na pessoa dos irmãos de nossas comunidades. A Sagrada Liturgia, “como obra de Cristo Sacerdote e do seu corpo, que é a Igreja, é uma ação sagrada por excelência” (SC 7), e, cada dia desta semana, recorda e atualiza os últimos acontecimentos da vida terrena de Jesus de Nazaré.
Celebrar a Semana Santa para os cristãos é aprofundar as dimensões mais importantes da vida humana e cristã. É a ocasião privilegiada pela Liturgia para a renovação de um compromisso com a vida e com a Fonte da Vida que é nosso Salvador e Redentor Jesus Cristo, a única que têm força para vencer a morte e os sofrimentos humanos.
Domingo de Ramos – “Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mt 21,9) – Neste domingo, a Santa Igreja abre solenemente a Semana Santa com a entrada do Cristo em Jerusalém, recebido como Rei, aclamado como Messias que vem realizar as promessas dos profetas e instaurar definitivamente o Reino de Deus. Também nós, repetimos o mesmo gesto do povo em Jerusalém, com ramos e folhagens nas mãos, pelas ruas da cidade, aclamando Jesus como nosso Rei, Senhor e Salvador.
Na segunda, terça e quarta-feira Santa, destacamos os vários momentos de piedade popular, como a procissão do encontro de Nossa Senhora com Jesus que carrega a cruz. Como não nos recordamos de tão doloroso encontro! Como cantamos: “Vê a dor da Mãe amada, que se encontra desolada com seu Filho em aflição”; a visitação dos enfermos com a unção sagrada, a oração do terço, bem como a celebração do Sacramento da Penitência, preparando a comunidade para as grandes celebrações que se aproximam.
Na quinta-feira santa, logo pela manhã, nossa Diocese se une na Missa da Unidade, ou na Missa do Crisma, onde na Igreja Catedral, são abençoados os óleos que serão utilizados nas celebrações dos sacramentos – o óleo dos catecúmenos para o sacramento do Batismo, dos Enfermos para o sacramento da unção e assistência aos doentes e idosos, consagra o óleo do Crisma para o sacramento da Confirmação, Ordenação dos presbíteros e Consagração do Altar e dedicação de novas igrejas, e os padres renovam as suas promessas sacerdotais. Rezemos por nosso Clero, e por novas vocações sempre! Com esta celebração, marcamos o término da Quaresma, e iniciamos o Sacro Tríduo Pascal.
No entardecer desse mesmo dia, iniciamos o Sagrado Tríduo Pascal com a missa vespertina da Ceia do Senhor (com cerimônia do Lava-pés, Instituição do Sacerdócio, da Eucaristia e do Mandamento Novo), possui o seu centro na Vigília Pascal e se encerra com o domingo da Ressurreição, “quando Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus pelo seu mistério pascal, quando, morrendo destruiu a morte e ressuscitando renovou a vida” (NALC, n. 18; Guia Litúrgico Pastoral, pag. 11).
Curiosidade: Nesta noite, a partir do hino do glória, os sinos da torre da Igreja são desligados, em sinal de luto, entre a Quinta-feira Santa e a noite da Vigília Pascal. Nos ofícios, liturgias e procissões, as sinetas são substituídas por uma matraca – onde possuir.
Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor – “Eis o lenho da Cruz, do qual pendeu a salvação do mundo” – Dia de Silêncio, Oração, Jejum e Abstinência de Carne. Seu ponto alto as 15h com a Ação Litúrgica. Nos reunimos no silêncio deste dia santo, para recordar a morte do Senhor. Não se celebrar a Missa, nem nenhum outro sacramento. É costume, prestarmos nossa veneração a Cruz do Senhor, com o beijo, ou por causa da pandemia, com um toque.
Sábado Santo – da Sepultura à Vigília na Noite Santa – como rezamos em cada Eucaristia celebrada: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição!” Na penumbra, nos reunimos em vigília. Acendemos o fogo novo e o abençoamos, dele, a chama retiramos para acender o Círio Pascal, a coluna luminosa que nos conduzirá, o Ressuscitado simbolizado, e dele, acendemos nossas velas. O incensamos e o cantamos, “Exultando com os céus e a terra, pela noite de alegria verdadeira” que nos é dada. A Mãe de todas as Vigílias! Em penumbra, acompanhamos a história da nossa salvação, desde os primeiros pais até o tempo dos apóstolos, chegando ao início da história e centro de toda a nossa fé cristã: A Ressurreição do Senhor, e proclamamos com toda a Igreja o “ALELUIA”, anunciando que a promessa de Deus, em Jesus Cristo é realizada.
Domingo de Páscoa e da Ressurreição do Senhor – “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos”. (Sl 118). Acorrendo ao sepulcro, com as mulheres, nada encontraremos, pois, JESUS RESSUSCITOU E ESTÁ VIVO NO MEIO DE NÓS, e nos convida “Vós sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até as extremidades da terra”. (At. 1,8).
Amados, celebremos com alegria e testemunhemos com fé, com nossa vida, esta verdade que nos é revelada e experimentada. Feliz Páscoa!
kleidson Ribeiro Ayolphi – Seminarista do 2° ano de Filosofia