“Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” Jo 10,10
Caríssimos irmãos, desde o ano de 2015 se tem em nosso país o chamado “setembro amarelo”, um mês de conscientização e prevenção contra o suicídio, uma temática muito importante em nossa contemporaneidade. A vida, devemos lembrar, é dom de Deus e por isso preciosa, não é atoa que a nossa igreja nos números 2267 – 2283 de seu catecismo, afirma a dignidade da vida em várias circunstâncias, desde a sua concepção até a morte natural. “Toda vida humana, desde o momento da concepção até a morte, é sagrada, porque a pessoa humana foi querida por si mesma à imagem e à semelhança do Deus vivo e santo” ( CIC, 2013, n. 2319).
Cristo é o único que tem o direito sobre a vida e a morte, devemos lembrar, que a vida nos foi dada na criação do mundo, no livro do Gênesis, onde Deus fez o homem a sua imagem e semelhança, soprando as suas narinas, fez do homem um ser vivente, um ser de propósito, um ser amado, pois não somos meramente frutos do acaso, mas Deus em seu infinito amor, quis e quer, a existência e felicidade de cada um de nós, seus filhos amados. E mesmo depois da desobediência, do pecado que entrou no mundo, Deus em sua infinita misericórdia entregou seu Filho único, por isso me faço das palavras de Santo Agostinho, que é atribuída a seguinte frase, “Você quer saber o seu valor? Olhe para a cruz, você vale um Deus Crucificado”.
Cristo, o Bom Pastor, tem um propósito para cada um de seus filhos, por tal razão, diante da ocasião do ano vocacional deste respectivo ano, proposto pela CNBB, vale salientar a nossa primeira vocação, o nosso primeiro chamado, que é à vida. Como vocação se designa chamado, do latim vocare, Cristo nos chama, e a ele precisamos entregar uma resposta, o propósito de mesmo em meio as dificuldades e lutas enfrentadas, se manter firme na caminhada. Não podemos nos esquecer que Cristo nesse mundo também passou por dificuldades e sofrimentos, mas se manteve firme no desígnio do Pai, se tornando para a humanidade a figura do Bom Pastor, Aquele que dá a vida por suas ovelhas, Aquele que deseja somente o bem e a vida para cada um de nós, não desejando a morte, mas a vida eterna, vida em abundância.
Sendo a vida preciosa, e Cristo sendo o Bom Pastor, o Pai de misericórdia, não podemos colocar limites em sua piedade, pois é sabido por muitos a afirmação da condenação eterna da pessoa que comete tal atrocidade, entretanto, tal afirmação não é verídica, pois a misericórdia de Deus não pode ser medida, já que Ele “[…] pode, por caminhos que só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar” (CIC, 2013, n. 2283). Por tal razão, mesmo o suicídio sendo algo terrível, não se tem motivo para se desesperar sobre o ente querido, pois só Deus sabe realmente a intenção de nossos corações.
Busquemos ajuda, não nos deixemos desanimar pelas lutas do dia a dia, o problema que enfrentamos, seja ele mental, familiar, social etc. A outras soluções, se tem outros meios, tirar a própria vida não é a solução. O primeiro passo é reconhecer que precisa de ajuda, e buscar uma orientação com profissionais qualificados, como psicólogos, psiquiatras ou um sacerdote. Não guarde essa dor, essa dificuldade para si, desabafe! E lembre-se sempre, a sua vida é importante, a sua vida é preciosa, Deus sonhou e proporcionou a sua existência, e quer a sua felicidade.
Wellington Tolentino Gomes – Seminarista do 2º Ano de Filosofia
Referências:
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Brasília: Edições CNBB, 2013.
Vamos falar sobre suicídio? Entenda o que é e quais são os seus sinais!