
“Eis que, como argila na mão do oleiro, assim sereis vós na minha mão” (Jr 18,6)
Somos vasos nas mãos do oleiro, pelos quais não somos meramente seres jogados e achados, mas somos sonhados, planejados e moldados por Deus. Desde o momento em que fomos criados, devemos perceber que não possuímos forças para nos autocriar, mas nossa vida é gerada por Sua vontade. E não apenas na criação, mas também em nossa jornada, pois somos frágeis e precisamos ser reconstruídos e refeitos. Porém, para isso, precisamos ir ao encontro do nosso Deus.
O Papa Francisco destaca em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium (nº 94) o mundanismo espiritual, no qual se destaca um fascínio pelo gnosticismo e um neopelagianismo. Ambos possuem uma auto-referencialidade e confiam somente em suas próprias forças. Portanto, o homem que vive dessa maneira não consegue deixar que seu próprio Deus o molde e conduza sua vida.
Somos barros preciosos, daqueles que possuem ligamento, ou melhor, que possuem vida. Por isso, devemos nos permitir ser sempre moldados por Ele. Assim como o oleiro tira as impurezas do barro, devemos permitir a retirada de nossas impurezas. Assim como o vento traz vida, também devemos estar cheios do vento impetuoso para sermos vivos e fortes diante das dificuldades.
Caso nossa vida fique “ressecada”, recorramos a Ele, fonte de água viva, o oleiro do Pai, Nosso Senhor Jesus Cristo, para que estejamos dispostos a ser remodelados e tomarmos Sua forma.
Não há arte sem amor, nem quadro sem pintor, nem vaso sem oleiro. A mais bela obra é aquela que é tecida pelas mãos do artista, do oleiro, que carrega em seu coração sonhos encantadores capazes de transformar a matéria bruta de sua “não-existência”. O barro não pode se moldar por si só; ele precisa confiar nos sonhos e na sensibilidade do oleiro para se tornar algo. As mãos desse artista carregam o equilíbrio perfeito entre firmeza e delicadeza, trabalhando essa substância para transformá-la em uma magnífica obra de arte.
Não há nascimento sem dor, nem maturidade sem perdas, nem felicidade sem focar no essencial. É necessário confiar naquele que nos molda, mesmo quando a firmeza de suas mãos parece pesar sobre nós. Devemos nos entregar ao amor e à criatividade do Oleiro Divino, que nos ama e sempre realiza o melhor em nós.
A felicidade encontra morada em nosso coração quando assumimos como somos: “Barro, simplesmente barro, nas mãos do Oleiro!”
Seminarista Vinicius Mantovani Rampineli – 1º Ano de Teologia